Queima de Plásticos. Comum no mercado de reciclagem, combustão é criticada por especialistas em toxicologia e compostos químicos.
Um isqueiro ou um palito de fósforo, visão atenta, olfato aguçado e pronto. Está montado o esquema para a identificação de resinas plásticas. Habitual em depósitos de reciclagem, o método consiste em queimar um pedaço de plástico a fim de reconhecer a resina por meio das características da chama, do estado do material em contato com o fogo e do odor liberado pela reação química.
O plástico é um composto químico derivado do petróleo, fruto da junção de átomos de carbono e hidrogênio, passíveis de junção com oxigênio, nitrogênio e enxofre.
Seus componentes básicos já possuem natureza tóxica que, quando queimados e inalados, podem comprometer a saúde humana.
Segundo o mestre em Toxicologia e Análises Toxicológicas, Marcus William Oliveira, o profissional é exposto a uma série de contaminantes, sendo o principal deles a dioxina, que é gerada a partir da combustão de materiais com cloro. “É cientificamente comprovado como composto carcinogênico”.
Como identificar os tipos de polímeros sem a necessidade da queima do produto?
Grandes fabricantes do mercado desenvolveram equipamentos que possibilitam a identificação precisa dos tipos de polímeros. A Thermo Scientific desenvolveu o microPhazir PC , tornando possível identificar os tipos de polímeros sem a necessidade de queima do produto e sem danificá-la pois o microphazir PC não danifica a resina. Essa característica torna o equipamento uma ferramenta útil também nos departamentos de inspeção de recebimento de materiais plásticos.
Em apenas três segundos (mais rápido que a chama), o depósito pode saber qual tipo de plástico tem em mãos com um importante detalhe: sem comprometer a saúde dos funcionários. O microphazir PC é capaz de analisar mais de 30 tipos de resinas pré-cadastradas no sistema, ou mostrar um percentual da resina predominante. A partir dessas informações, a empresa consegue ter mais praticidade na análise, além de conseguir criar um banco de dados para futuras pesquisas.
Essa situação vivida pelo setor de reciclagem de plástico no Brasil assemelha-se ao setor de sucata não ferrosa. Durante muito tempo, o serviço de análise de metais não ferrosos estava totalmente voltado para as fundições. A partir do momento que os depósitos passaram a investir em analisadores de ligas (espectrômetros) o serviço foi transferido. Assim, os depósitos ganharam mais qualidade, agilidade e poder de negociação. Resta saber agora quanto tempo levará para os aparistas de plástico no Brasil seguirem o mesmo caminho. Além de melhorarem o processo produtivo, as empresas preservarão o principal patrimônio da empresa: seus funcionários.
Texto adaptado da Revista Reciclagem Moderna - Edição 41 - Jav/Fev 2014